Ao professor Francisco Parracho

Agora falando de uma coisa mais séria, e como foi um acontecimento recente, queria deixar aqui a minha pequena homenagem ao professor Francisco Parracho, que tive a felicidade de ter como professor (de Físico-Química, na Escola de Ansião) e que, infelizmente faleceu. O funeral foi ontem: a sua última viagem foi de Leiria para Coruche e acompanharam-no várias pessoas que o estimavam.

É verdade que a morte faz parte da vida. Se ela acontece naturalmente já é difícil de lidar com a situação mas quando ela surge de causas não naturais é ainda mais difícil.

A última vez que falei com o professor Parracho foi há vários meses e baseou-se nas conversas normais de um antigo professor que revê uma antiga aluna (apesar de eu já o conhecer antes de ser meu professor, devido ao facto de os meus pais trabalharem lá na escola - actualmente o meu pai já não mas a minha mãe ainda continua - e de eu frequentar assiduamente as festas de Natal!) e a normal curiosidade de saber como estão os ex-pupilos.

Não me considerava extremamente próxima dele mas considerava-o um amigo e falava sempre com ele se o nosso caminho se cruzasse e agora é estranho lembrar-me das aulas dele, da maneira como andava e falava, dos seus óculos, do modo como trazia o casaco assim meio pousado no braço, na Primavera e no Outono, da maneira peculiar como, de quando em vez, ajeitava o cabelo com a mão. É estranho, mas é verdade: ele partiu mesmo.

No funeral, para além de familiares e de amigos professores, também estavam alguns ex e actuais alunos. A hora e o local a que aconteceu a cerimónia não eram propriamente as mais favoráveis para quem trabalha mas eu, e alguns amigos, pudemos estar presentes.

Não posso deixar de sentir tristeza ao imaginar o sofrimento porque tinha vindo a passar em períodos da vida dele, bem como o que terá passado nos seus últimos momentos de vida mas, ao mesmo tempo, esboço um sorriso ao lembrar-me dele, dos sorrisos que nos provocou e do que nos ensinou, não só em termos de matéria escolar mas também enquanto pessoas.

Professor Parracho: tenha a certeza de que não passou despercebido nas nossas vidas. Embora fosse talvez difícil, tenho pena de, enquanto seres humanos, não lhe termos podido valer. Guardaremos de si uma bela imagem e ficará na nossa mente até sermos velhinhos.

Até sempre.