quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Melting pot


Hoje acabei por não ir almoçar a casa. Fui buscar comida aqui ao lado e piqueniquei com uma amiga, com o solinho quente e agradável que está hoje :) Na espera para o repasto, folheei algumas coisas na Biblio. Uma delas foi uma recente entrevista da Catarina Wallenstein. Muito boa de ler na íntegra, mas em particular estes 2 pontos, que me dizem muito. Pela experiência traumática da sua não existência...

Ainda no almoço, que foi tomado à beira de um lar de idosos, num recanto verde algo escondido, mas muito mimoso, um dos vários velhotes que de vez em quando saem para vir à rua estava sentado na mesa ao lado. Sozinho, poisou o seu chapéu de aba no banco e a sua bengala na mesa. Estava de costas, mas deu para perceber que tinha algo nas mãos. No final do almoço, fui pôr algumas coisas ao ecoponto, que estava distante algumas dúzias de passos, de modo que no caminho para cá, vi o senhor de frente. O que é que tinha na mão? Era um terço :) Estava a rezar. Comovi-me com "aquilo", como me comovo agora ao recordar, escrevendo. A velhice comove-me. E preocupa-me. A dos outros e a minha.

Quero muito, mas mesmo muito, muito, muito ir ver este filme. ["Não sei porque é que continuas a insistir. Porque é que me tratas bem. Porquê eu?/ Sabes porquê? Porque entre todos os terraços de Lisboa e do Mundo foi o meu que tu escolheste"]

Antes de ir de férias fui ver este apartamento. E um outro, mais pequeno, no mesmo prédio, mas no 1º andar. Este fica no r/c. Na sua globalidade, agradou-me mais este, achei mais mimoso. Mas pelo espaço, gostei mais deste do link, contudo está mais mal estimado. O outro nunca foi habitado. Esta coisa de arrendar sempre me atrofiou um pouco. Precisava de alguém mais velho para conversar sobre este assunto. Alguém que não são definitivamente os meus pais. Quer dizer, a amiga que me acompanhou no almoço de hoje sabe deste assunto e falamos sobre isso. Mas queria falar mais, sei lá.
Atrofia-me um pouco este recanto não ter varandas. Quer dizer, tem duas, mas daquelas tipo janelas, que na verdade não tem espaço físico fora de paredes. Na prática só tem fogão, requer mesmo investimentos. Mas tem muitas coisas boas: garagem, um sótão amplo que "facilmente" transformaria no atelier multifacetado com que tanto sonho (!!!!). Está também perto (a pé e/ ou de bicicleta de todos os sítios que fazem parte do meu quotidiano: biblio, trabalho, bombeiros, gimno, banco, correios, parque, mercado, mini e supermercados, papelaria, padaria, etc, etc, etc) E tem a melhor coisa do mundo: espaço vazio para habitar com paz e amor, embora só meu :) Falando "curto e grosso a "cena" resume-me assim:
- Se sair de casa, poderei contribuir para o desmoronamento da pseudo-família que resiste;
- É uma realidade muito estranha imaginar depois se "posso" lá ir almoçar quando quiser, deixar de chamar a minha casa, etc
- Falta-me coragem para tomar este passo de vez
- O meu sonho, mesmo sonho era ter uma casa mesmo, podia ser pequena, podia ser velha, mas que desse para habitar e que tivesse terra, jardim, espaço
Continuo meio perdida, mas com vontade de fazer algo, essencialmente por mim, porque "é só a mim que me tenho"
Se calhar está mesmo na hora de fazer mesmo com que a realidade que imagino aconteça mesmo. Ou parte dela.

P. S.: Ontem cheguei a carregar algumas fotós da viagem, mas metade deram erro, de modo que desisti. Tentarei de novo brevemente.

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