sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quase avó



Os óculos não eram bem assim, mas quase.

A cara não era bem assim, mas quase. Era ligeiramente mais redonda.

Os brincos não eram assim, mas quase. Eram de opiro, com uma pintinha preta no meio.

O cabelo era quase assim nos últimos anos, depois de muitos mais de um vaidoso e simples carrapito atrás da cabeça.



Um das vantagens do meu trabalho nº 1 é cruzar-me com gente. Com gente do meu país e da minha terra. Gente que, sem o saber, me comover, me faz rir, sorrir, chorar não, mas pensar nas coisas mais tristes de que a vida também é feita.


Na terça-feira fui filmar as comemorações do Dia Internacional do Idoso aqui na terra. É com a mesma câmara de filmar que vou tirando uma e outra fotografia. Esta foi uma das 31 que tirei neste dia. E pus-me a pensar nos meus avós. Nos meus avós paternos que não conheci, nos meus avós maternos que conviveram comigo. Na minha bisavó paterna (Maria José) que adorava ter conhecido. E sobretudo na minha avó materna, que foi uma segunda mãe para mim, e que me deu tanto de si. Foi-se embora em 2001. Soube da notícia num dia solarengo de Fevereiro. Já há alguns anos que andava em lares, de modo que fisicamente estava menos presente. Mas sempre esteve e estará junto de mim, do meu coração. Peço-lhe tantas vezes ajuda para me amparar nos meus medos, sobretudo. devia agradecer-lhe mais vezes por estar ao meu lado. De certo modo, acredito e sinto que está. Às vezes, volto à última casa onde entrou e onde está. Não rezo muito, não falo muito. Penso sim em tantos momentos que partilhei com ela e que ela partilhou comigo. Gostava tanto que ela estivesse aqui e de ter conseguido duas coisas, que não cheguei a fazer: levá-la de carro a Fátima e à praia :(

E é isto.


Obrigada avó, por tudo.

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