quinta-feira, 24 de novembro de 2011

No seguimento do post abaixo...

Hoje, foi o funeral do companheiro dos BVA, que pereceu ante um cancro, com apenas 41 anos. Aqui há uns tempos vi ou ouvi ou li algures que o ritual fúnebre católico é um dos que procovam maior sofrimento. Eu comovi-me muitíssimo, não posso dizer propriamente que sofri, mas comovi-me pela perda de uma vida que deu muito de si, em vários campos, e ainda tinha muito para dar. Já aqui comentei que ouvir os sinos da igreja por esta altura é horrível. Mas hoje ouvi algo que ainda mais horrível é. O toque "especial" da sirene, quando falece um dos seus. É.... atroz. E mais atroz deve ter sido para aquela família, que vive mesmo à frente do quartel. Não pude ir fardada, por causa do trabalho, mas claro que fui prestar a minha última e humilde homenagem ao companheiro e superior Pedro Caetano. Mas fiz questão de, apesar de ter lugar, me manter sempre de pé, como estavam os meus colegas fardados. Os daqui e os que vieram de longe para se juntar à homenagem. Depois da missa, a ida ao cemitério, sempre triste, pois claro. Há pessoas que ficam até "à última". Eu deixo que o corpo desça à terra e venho embora. É-me doloroso ouvir os gritos de desespero e de saudade das pessoas. É-me doloroso não conseguir deixar de pensar quando alguém de quem eu goste muito desça também. Ou quando é que será a minha vez. Já disse aqui também que este tema da morte me inunda há já largos meses, em especial depois de ter feito um serviços nos BVA, no qual uma moça de 33 anos acabou por falecer. Como sofri e como sofro quando penso nisto. Gostava de conversar com alguém, e não estou a falar de psicólogos, que reflicta sobre este tema e que me pudesse, de certo modo, apaziguar. Acompanho o blogue da Laurinda Alves, e julgo que há jesuítas que abordam muito esta temática. Hei-de investigar mais sobre isto.

Bem, estava eu a dizer que virei então costas e vim embora, não sem antes parar junto à sepultura dos meus avós maternos e de um tio meu que nunca conheci, mas que é impressionantemente parecido com o meu pai. Digo impressionantemente porque é mesmo a cara dele, apesar de não ser gémeo.

E lá fiz o caminho de regresso ao trabalho, à vida normal. Não sem ficar agora o final do dia a pensar nisto, a pensar na vida. A pensar quão frágil somos e a pensar o quão imortais às vezes nos sentimos. Às 19h30 entro de serviços nos BVA. Até às 06h e picos. Deveria ser até às 07h30, mas a essa hora já tenho de ter produzido algum trabalho... Vai ser certamente um serviço... esquisito, calado, enfim... Teremos de ganhar alguma coragem junto dos nossos. E continuar a nossa vida, fazendo homenagens àqueles que vão partindo antes de nós. Rezando com toda a força do mundo, para que nada de mal aconteça com os nossos familiares e amigos. Para que nunca os tenhamos de acompanhar a serem devastados por doenças ou por outras tragédias horrendas. Até que um dia... chegue a nossa própria vez...

Nota: A última vez que apertei a mão ao sub-chefe Caateno foi à cerca de dois meses, na central dos BVA, aquando um fogo enorme que assolou uma aldeia bem perto. A doença mostrava-o frágil, mas mesmo assim, nunca deixou que o sorriso lhe abandonasse a cara. Quem sabe se para dentro já não sorriria... Mas para fora, sempre o fazia. Quando doente e quando saudável. Paz à sua alma.

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