domingo, 4 de dezembro de 2011

SAP

Ontem, e depois de me ter lembrado de recorrer a um outro médico em modo caseiro, enquanto aguardo pela consulta com o médico de família - e tendo em conta as dores nas costas que nunca mais passam, foram-me receitadas umas injecções (que essas sim, já me deram algumas melhoras - ontem foi a primeira). Um pouco antes da hora de almoço, lá fui eu então ao Serviço de Atendimento Permanente aqui do sítio. Na sala de espera, alguns novos, alguns velhos. Passados uns minutos entra um senhor, e recordo que reparei, ou pensei eu ter reparado, num certo modo ligeiro e apressado como entrou. Como se fosse de encontro a alguma solução a modos que rápida e eficaz para o seu problema. Da sala de espera deu para reparar numa imensidão de aconecimentos. Um desmaio, uma dependência de insulina, não muito bem explicada (foi por isso que terá desmaiado momentaneamente), vários outros problemas de saúde, acompanhamento de um lar da zona de residência, que veio sozinho, a conduzir, desde casa (cerca de 8 Km). Mas sobretudo num problema maior: a solidão. A solidão em que vivem milhares de pessoas por esse mundo fora, por este Portugal e por este concelho onde vivo. Devido a uma das ocupações extra-laborais que tenho (BVA) já tive ocasião de ter uma observação "privilegiada" de alguns casos particulares. Da solidão em que vivem muitos idosos, do autêntico lixo em que as pessoas os transformam, depois de deixarem de ser úteis (para além da reforma que ganham e dos bens que possam deixar em herança), do autêntico lixo em que provavelmente se sentem, ou os fazem sentir. Da força que demonstram ou tentam desmontrar no exterior, quando fazem as suas comprinhas, quando vão à farmácia buscar os seu medicamentos, etc. Do frio que devem sentir na solidão da noite, na cama onde já deixaram de ter o seu marido ou a sua mulher. Enfim, não pode deixar de me comover ao pensar nestas coisas. Se cada um de nós, uma vez por outra, puder fazer sorrir uma pessoa mais velha, nem que seja com um simples surtido cuétara (igual aos 2 que tenho embrulhados dentro do carro para daqui a alguns dias entregar aos destinatários, antes da noite de Natal) o mudo será certamente um bocadinho melhor.

Sem comentários: