quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Alguém. Ninguém.


Hoje voltou a precisar de alguém. Não propriamente para falar, fazia-lhe falta era chorar. Lavar-se por dentro. Ter ali alguém que a sentisse frágil, despida do mundo. Fez duas tentativas para algum momento de distração. Uma ouvinte estava relativamente longe e outra não atendeu a chamada. E assim seguiu de carro, várias dezenas de quilómetros afora. Sem destino. Sem música. Só a ouvir o som do motor. E o lamento da alma. Chegou a passar quatro vezes num local e três vezes noutro. Pormenores. Desde que o caminho de casa ainda estivesse longe. Esse era o objectivo. Olhou para o interior de alguns cafés desertos, quase rezando para vislumbrar alguém. Ninguém. O cansaço começou a fazer-se sentir. Foi o sinal de que sim, tinha de voltar para casa. Uns minutos mais dentro do carro já parado. E ainda mais umas trocas de mimos felinos e caninos, antes de subir os degraus interiores. Também um resto de trabalho antes de descansar. E algum conforto doce numas sobras de infantis gomas, que resistiram alguns dias dentro do saco. Foi esse o jantar.

Há algum momento de paz dentro destas quatro paredes? Há. Quando todos dormem.

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