sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O povo que ainda canta


 
De alguns vídeos avulsos que ia vendo aqui e acolá no FB passou a documentário, actualmente exibido na 2, nas noites de quinta-feira. Julgo que vão ser 26 no total (iéé); 3 já foram. Devo ser uma de várias ou de muitas pessoas que estão vidradas, no melhor sentido da palavra, e verdadeiramente apaixonadas por este trabalho. É comovente e transborda o nosso Portugal, aquele que nós que vivemos nas aldeias e nas vilas bem conhecemos. Não consigo ver quando é emitido, mas tenho conseguido fazê-lo à sexta-feira, pela Internet. Do primeiro confesso que não gostei muito. Apesar de gostar de fado, não apreciei propriamente aquilo centrado em Lisboa. E estava à espera de algo mais profundo. Que veio no episódio 2 e novamente no 3! É tocante, mesmo. Literalmente, agora que penso na palavra que acabei de digitar.
 
Acho que os 3 principais motivos que me fazem adorar esta série de documentários são:
- Fazerem parte, de certo modo, do meu imaginário infantil. Pelo meio das músicas, há muitas quadras, muitas cantilenas, daquelas que eu também ouvia a minha querida avó dizer. E algumas das quais, felizmente, eu também não deixo morrer, dizendo-as no meu dia-a-dia e "pegando-as" até a outras pessoas :)
- Ser um tipo de trabalho que é basicamente o que eu também faço e o que gostava de fazer mais. Documentários, pessoas mais velhas, a vida no campo, etc
- E depois, a sensibilidade. Não quer dizer que se seja melhor ou pior do que outras pessoas, mas tem que existir uma sensibilidade especial para este documentário entranhar no sangue, como é o caso :)
 
O episódio 3 deu para rir, deu para chorar e deu para pensar. E para cimentar o crescimento enquanto Pessoa. E por isso é que esta série é especial! Pode ser visto aqui, vale mesmo a pena.
 
De resto, o pensar veio com a frase que termina o episódio de ontem:
"Metemos as crianças nuns contentores... a seguir metemos os velhotes noutros contentores... e deixámos de nos ouvir uns aos outros."

O chorar aconteceu em alguns momentos, um dos quais me tocou particularmente: A certa altura há um senhor que diz uma cantilena, só hesitando brevemente ali a meio. Mas o senhor é especial. Há-de ter 60 e tal ou 70 e poucos anos. Deve ter trabalhado duro toda a vida. Nomeadamente a cavar terra. E continua a fazê-lo. Em cadeira de rodas...
 

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