segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Facas de dois (le) gumes


Sei, por aquele saber de experiência feito, que o sonho comanda a vida. Pode ser um sonho pequenino, aos olhos de uns, ou coisas insignificantes, aos olhos de outros. Mas sonhos suficientes para nos encherem a vida, de alegria, de aspirações, etc.

Sei também, em igual medida, como o desfazer desses mesmos sonhos nos desampara e nos coloca numa descida vertiginosa, num "melting pot" de sentimentos/ pensamentos que de positivo pouco ou nada têm.

E agora?

Aqui chegada, o que  me resta?

Julgo que esvaziar as pastas - as virtuais e as reais - cheias de ideias que fariam chegar a tão ansiada paz (ter um cão, um gato, estender a roupa ao Sol, pôr um bolo a fazer, convidar amigos para um serão, acender a lareira, pôr um bolo no forno, plantar uma roseira e tantas outras insignificâncias que me povoam há tantos e tantos anos). Mas atrás falava não daquela paz omnipresente, porque isso é coisa que não existe no Reino Animal. Mas aquela paz que, sendo quebrada, ter-me-ia a mim como única e exclusiva responsável.

Há quem diga que os poetas e outros fazedores de "estórias" têm inspiração maior diante de "tragédias" pessoais - mais interiores do que exteriores - e eu, aspirante tímida a esse tipo de labor, neste singelo espaço internáutico, também me inspiro, por esta hora, no meu sonho maior, que se desfez e que tão perto, mas tão perto mesmo, esteve de ser real.

Diz o ditado que "quem casa, quer casa", mas garanto que quem não casa também quer.

Até ao final do dia de hoje nada de engolir choro, porque é mau guardarmos as mágoas todas cá dentro. E também direito àquela dor de cabeça que só passa com uma aspirina, tamanha é a desilusão e o desgosto. Amanhã sim, "quem chorar é uma batata podre".

Recolherei os cacos internos e engavetarei outras vez o sonho. Até quando, só o destino o revelará.

"Smile, and maybe tomorrow you'll see the sun 
Come shining through, for you"

Right...

P. S.: Anseio também, há muito tempo, pelo dia em que poria numa qualquer rede social (de preferência daquelas com menos afluência) uma fotografia da minha mão aberta a segurar uma chave e com a legenda "o primeiro dia do resto da minha vida". Hoje, não há chave. Há duas mãos abertas cheias de nada. Mas, de certo modo, a legenda pode ser a mesma.

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