sábado, 7 de junho de 2014

Sol de Março




Ontem a minha agenda estava agradavelmente vazia. Ou melhor, medianamente, porque à falta de algo para fazer, ainda estive um tempo parada dentro do carro, à saída do local de trabalho, a pensar algumas vezes consecutivas: O que é que eu vou fazer, onde vou, a quem vou ligar?

De modo que fui até à minha cidade predilecta onde, como já referi aqui algumas vezes, fujo de quando em vez. Cada vez menos, por falta de tempo. Mas ontem lá fui.

Um jantar leve, a dor egocêntrica por tanta gente ao redor, tantos carrinhos de bebé, tantos sorrisos alheios.

Um jovem "atendedor" de loja, com uma voz tão doce e um olhar tão bonito, bolas. "Anda comigo ver o pôr-do-Sol", pá!

E uma música x 12 para acompanhar o regresso a casa. Esta foi a descoberta. E esta fica no top 2.

E é sobre esta viagem que quero escrever. De vez em quando acontece-me isto. Mas ontem foi muito, muito intenso. Para já, quando estava a ouvir pequenos excertos do CD na loja, apetecia-me chorar. E até lacrimejei virada para o canto. Mas dentro do carro é que foi, na noite escura em que ninguém vê. Pode pôr-se a música em altos berros e chorar baba e ranho, que "está tudo bem". Mas não chegou chorar, foi CHORAR como gente grande. Bateu forte. Tive de libertar os demónios que acordam de vez em quando para me empurrar ladeira abaixo. Aquela ladeira que, mais ou menos íngreme, todos subimos e descemos. Chama-se viver.

Foi um bocado sofrido, mas foi bom. Hoje é outro dia.

Sem comentários: