quinta-feira, 20 de abril de 2017

Tu


Se te pedisse vinhas comigo? Eu sei que já tens alguém ao teu lado e que tens o teu futuro emocional gizado. Mas quando a tua vida se cruzou com a minha lixaste-me. Porque pensei que estava a gizar o meu.

Pensei que o anel que pus hoje no dedo podia significar uma ligação física e emocional a alguém. Mas (ainda) não tem esse simbolismo. Será que algum dia terá? Não um simbolismo para os outros, somente para mim e para ti.

Em Julho, prevejo os habituais 15 dias de pseudo-descanso. Pseudo porque há um bocadinho de trabalho que vai atrás (mas eu não me importo). É o meu "entretém". Será um destino duplo, como dupla sou eu também (não somos todos, um bocadinho?). Tenho de ser, não poderia suceder de outro modo. Para bem da sanidade mental. Costumo ir de comboio, mas este ano talvez vá de carro (aposto que me vou perder/ enganar mais do que uma vez! Se viesses comigo isso não sucederia. Mas, a bem da verdade, era isso mesmo que eu queria: perder-me. Contigo.).

Neste momento, tenho a liberdade física e material exacta de que preciso. E como as prezo e as agradeço todos os dias. Mas faltas-me. Foste o único que quis verdadeiramente. E é os único que continuo a querer. O que é isto? É amor? É estupidez? É um sentimento platónico do que poderia ter sido? Talvez nunca chegue a saber.

Nos últimos tempos, tenho adoptado uma estratégia diferente, imaginar as coisas menos boas que tens: o teu pior palavrão, o teu pior dia de humor, etc. Assim, em vez de ficar, nostalgicamente, a pensar no que "perdi", tento pensar no que ganhei. Uma mera e egoísta estratégia, na verdade, mas que resulta nos escassos minutos em que tem de resultar.

Voltando ao carro. Vou fazer uma mala como se fosse de comboio. E comprar alguma comida. São duas casas. Vou poder fazer o almoço à hora que me apetecer, não a rondar as 12h30, como acontece aqui, para evitar discussões ou presenças familiares desconfortáveis. Ou não almoçar de todo. Primeiro, 8 dias a Sul, depois mais 8 a Norte.

Às vezes penso na idiotice que pode ser fazer férias a solo. Mas rapidamente afasto essa linha de pensamento. Os sós também têm direito, verdade?! São duas reservas para uma pessoa, onde cabem duas. E onde, no plano dos sonhos, também estarás.

Se te dissesse onde vou ficar, ias ter comigo? Largavas a tua realidade por um ou dois dias e ias? Eu não contava a ninguém. Eras só tu e eu. Com o único pretexto de me fazeres feliz. Porque tu voltavas e tinhas alguém à tua espera. Eu voltarei e continuarei a não (querer) ter. Só te queria a ti. Agora e como há 10 anos quis.

Não soube mostrar a paz que tenho cá dentro, nem o meu coração apertadinho, mas gigante e limpo. O Mundo, as pessoas,  as vivências fazem-nos assim. Nem sempre iguais àquilo que gostaríamos de ser ou de parecer. Umas vezes ganhamos, outras perdemos. Eu perdi-te. E continuo perdida sem (por) ti.

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