segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Avó

Acordei hoje com a sensação de que é um dia em que aconteceu algo importante. E é verdade. Faz hoje 11 anos que, estava eu na ESEC, após ter tido uma frequência, e tinha chamadas da minha mãe. Ainda bem que só confirmei o assunto depois de sair. Lembro como se fosse hoje e lembro-me de pensar, à primeira, que se tratava do meu avô. Mas não era a minha avó. Deixou-nos há 11 anos.

Lembro-me que tinha ido na carrinha do meu pai e que vim sozinha, com uam dor de cabeça daquelas que as más notícias nos provocam. Lembro-me de ver o meu irmão mais velho a limpar uma lágrima teimosa (daquelas que nunca lhe tinha visto e nunca mais lhe vi) quando olhou para a minha avó deitada ali, naquele caixão sozinha e com o ar afável que sempre teve.

Nos últimos anos da vida dela, fui-me afastando porque ela esteve em diversos lares, infelizmente. O último dia em que lhe toquei estava ela internada no hospital de Alvaiázere. Lembro-me tão bem de lhe ter feito uma festinha na cara e de a ter sentido quentinha. Não sei o que disse nem sei se ela disse alguma coisa. Disso não me consigo lembrar.

Tenho uma sensação meio esquisita, porque há medida que os anos vão passando, ela vai ficando uma memória cada vez mais longe na cabela, mas cada vez mais quente e funda no coração. É estranho explicar. O que sei é que gostava muito dela. Foi uma mulher que sofreu muito de pobreza e, depois, nas mãos do marido, o meu avô. Mas era tão boa mulher. Ensinou-me tanto. Deu-me tanto carinho. Fez-me tanto bem. Tenho tantas saudades. TANTAS.Queria tanto falar com ela, dormir nos lençóis de flanela. Comer uns carapaus quentinhos. Beber chá ou mokambo. NUNCA JAMAIS EM TEMPO ALGUM irei esquecer a MINHA avó Marquitas.

O tempo passa a correr. Quem sabe, não tarda, nos voltamos a ver.

Sem comentários: