sábado, 9 de fevereiro de 2013

"Doença da moda"

Soube esta manhã que o vizinho sr. A. faleceu durante a madrugada. Vítima da chamada "doença da moda". Ingrata e atroz.

A última vez que lhe falei, foi quando ia fazer uma pequena visita à esposa, a srª M.

Há cerca de 20 e poucos anos, faleceu-lhes o filho único. Viveram sempre nesta infelicidade compreensível e, imagino, mais que penosa. Ele calou dentro dele a tristeza, que de vez em quando tornava visível em algumas expirações mais "barulhentas". Ela vestiu de negro o corpo e a alma. Só há poucos anos lá começou a vestir uma ou outra peça mais clara, mas sempre com o casaco preto e as calças a imperar.

Não falhavam uma missa de sábado à noite. Ela na rua, esperava que ele tirasse o peugeot (daqueles que não têm 5ª) da garagem. Fechava o portão e depois entrava para o carro e seguiam. Uma missa sempre por alma do filho. Cuja sepultura, ainda hoje, nunca viu flores secas. Tem sempre flores frescas e jovens, como era o R. quando partiu. O pai vai juntar-se a ele amanhã. Queria ir, mas acho que não vou ao funeral. "Prefiro" depois continuar a fazer visitas à srª. M. em tardes solarengas.

Nós devíamos todos morrer de velhos. Ainda que qq tipo de morte cause sofrimento, estas é a única que se "tolera" melhor, digamos assim. Mas a morte é sempre intolerável.

Hoje à noite, a srª M. já não vai ter companhia para ir à missa. Vai ter uma casa grande e fria só para ela. Repleta de fotós do filho bonito e menino que lhe foi roubado. E agora o sr. A.... Deve ser mt duro. Os que ficam têm só de aguentar... E de irem tirando lições destas fatalidades. Para que demos mais valor à vida, aos nossos, à saúde, ao trabalho, ao bem fazer, etc...

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