quarta-feira, 22 de julho de 2020

ti Laurinda


A ti Laurinda faleceu esta noite. Minha tia por afinidade e, simultaneamente, julgo que também uma espécie de segunda avó. A última vez que a vi terá sido algures em finais de Fevereiro ou inícios de Março. Neste contexto pandémico nunca mais a vi, nem lhe falei, nem a ouvi. Gostava muito de a visitar, junto com o meu tio. Eram um exemplo de amor entre eles, apesar das dificuldades físicas que a vida traz com a idade, de paz e de simplicidade. Criaram quatro filhos, todos queridos, lutadores e amigos. Contava-me muitas vezes (acho que às vezes nem se apercebia da repetição de algumas dessas histórias) da amizade entre o marido dela, que é meu tio de sangue, e o meu pai. Coisas dos tempos de rapazotes e também da Guerra Colonial.

Vou recordar-me muito quando levava o meu bocadinho de café Mokambo embrulhado num papel e ia lá beber a seguir ao almoço, à lareira, na chávena quase centenária que ela lá tinha.

Laurinda é um nome muito bonito. E a ti Laurinda também era. Não sei se ela sabia, porque nunca lho disse, mas ensinou-me muito. Julgo que a resiliência terá sido uma das coisas, que tanto me tem ajudado ao longo dos anos. Já tinha pensado muitas vezes que provavelmente nunca mais iria subir a rua empedrada para a visitar junto à capela. Mas tenho muito orgulho em ter assentado nas proximidades dessa mesma rua e de continuar a ouvir o mesmo sino que de lá ecoa.

Uma vez li ou ouvi algures que uma pessoa só desaparece verdadeiramente quando desaparecer a última pessoa que se recordar dela. Da minha parte, a ti Laurinda vai continuar aqui, num lugar quentinho do coração.


terça-feira, 21 de julho de 2020

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Teatro Olimpo



De volta aos comandos da luz e do som teatral, na versão "com máscara". O regresso foi no último sábado, ao Norte: Mosteiró, em Vila do Conde. Próxima, em meados de Agosto, dentro de portas.