quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Alguém. Ninguém.


Hoje voltou a precisar de alguém. Não propriamente para falar, fazia-lhe falta era chorar. Lavar-se por dentro. Ter ali alguém que a sentisse frágil, despida do mundo. Fez duas tentativas para algum momento de distração. Uma ouvinte estava relativamente longe e outra não atendeu a chamada. E assim seguiu de carro, várias dezenas de quilómetros afora. Sem destino. Sem música. Só a ouvir o som do motor. E o lamento da alma. Chegou a passar quatro vezes num local e três vezes noutro. Pormenores. Desde que o caminho de casa ainda estivesse longe. Esse era o objectivo. Olhou para o interior de alguns cafés desertos, quase rezando para vislumbrar alguém. Ninguém. O cansaço começou a fazer-se sentir. Foi o sinal de que sim, tinha de voltar para casa. Uns minutos mais dentro do carro já parado. E ainda mais umas trocas de mimos felinos e caninos, antes de subir os degraus interiores. Também um resto de trabalho antes de descansar. E algum conforto doce numas sobras de infantis gomas, que resistiram alguns dias dentro do saco. Foi esse o jantar.

Há algum momento de paz dentro destas quatro paredes? Há. Quando todos dormem.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

...


António Lobo Antunes. Ainda não consegui ler um livro dele, inteiro. Nenhum me conseguiu prender, até agora. Mas devoro e comovo-me com quase todas as crónicas que escreve na "Visão". Assim como devorei recentes entrevistas escritas que deu. Estou agora a ouvir uma das raras entrevistas televisivas que dá. Pode ser vista e ouvida aqui. Vou no minuto 7 e picos (tem poucos mais de 40), mas já ouvi tantas coisas que me são familiares: "o afeto vinha dos avós", "não se falava de coisas íntimas", "não havia manifestações de afecto". É um Senhor, este António.

"[E quem é o seu Deus?]
É aquele que às vezes me diz ao ouvido que gosta de mim."

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

De Mais Ninguém


Janeiro já começou há muitos dias, mas foi hoje que acordei com uma
vontade imensa de começar uma vida nova, noutro lugar, com outras
coisas, outras pessoas, outras vistas. Começar (quase) do zero. Largar
as tais velhas roupas...


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O povo que ainda canta


 
De alguns vídeos avulsos que ia vendo aqui e acolá no FB passou a documentário, actualmente exibido na 2, nas noites de quinta-feira. Julgo que vão ser 26 no total (iéé); 3 já foram. Devo ser uma de várias ou de muitas pessoas que estão vidradas, no melhor sentido da palavra, e verdadeiramente apaixonadas por este trabalho. É comovente e transborda o nosso Portugal, aquele que nós que vivemos nas aldeias e nas vilas bem conhecemos. Não consigo ver quando é emitido, mas tenho conseguido fazê-lo à sexta-feira, pela Internet. Do primeiro confesso que não gostei muito. Apesar de gostar de fado, não apreciei propriamente aquilo centrado em Lisboa. E estava à espera de algo mais profundo. Que veio no episódio 2 e novamente no 3! É tocante, mesmo. Literalmente, agora que penso na palavra que acabei de digitar.
 
Acho que os 3 principais motivos que me fazem adorar esta série de documentários são:
- Fazerem parte, de certo modo, do meu imaginário infantil. Pelo meio das músicas, há muitas quadras, muitas cantilenas, daquelas que eu também ouvia a minha querida avó dizer. E algumas das quais, felizmente, eu também não deixo morrer, dizendo-as no meu dia-a-dia e "pegando-as" até a outras pessoas :)
- Ser um tipo de trabalho que é basicamente o que eu também faço e o que gostava de fazer mais. Documentários, pessoas mais velhas, a vida no campo, etc
- E depois, a sensibilidade. Não quer dizer que se seja melhor ou pior do que outras pessoas, mas tem que existir uma sensibilidade especial para este documentário entranhar no sangue, como é o caso :)
 
O episódio 3 deu para rir, deu para chorar e deu para pensar. E para cimentar o crescimento enquanto Pessoa. E por isso é que esta série é especial! Pode ser visto aqui, vale mesmo a pena.
 
De resto, o pensar veio com a frase que termina o episódio de ontem:
"Metemos as crianças nuns contentores... a seguir metemos os velhotes noutros contentores... e deixámos de nos ouvir uns aos outros."

O chorar aconteceu em alguns momentos, um dos quais me tocou particularmente: A certa altura há um senhor que diz uma cantilena, só hesitando brevemente ali a meio. Mas o senhor é especial. Há-de ter 60 e tal ou 70 e poucos anos. Deve ter trabalhado duro toda a vida. Nomeadamente a cavar terra. E continua a fazê-lo. Em cadeira de rodas...
 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

As fadas boas e as fadas más




 
Há uns tempos, vislumbrei em cima do aparador da sala este tesouro. "A Fada Oriana", da Sophia, que, juntamente com "O Cavaleiro da Dinamarca" (também gostava de reencontrá-lo), me lembro de ler na escola. Lembro como se fosse ontem.
 
Tem as folhas quase todas separadas (tenho de arranjá-lo com tempo e com cuidado), tem a identificação escrita manualmente (tal como continuo ainda hoje a fazer: mantenho o nome, apenas muda o local e a data, que ponho actualmente) e tem um índice, também escrito à mão (ter-se-á deteriorado o índice original ou ter-me-ei lembrado de fazê-lo por auto-recriação?!).
 
No dia em que reencontrei o livro, abri as páginas iniciais e posso certificar que houve um processo psicológico que mexeu cá dentro quando li algumas linhas. Deve ter sido uma espécie de flashback:
 
"Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más."
 
É simples, não é???
 
O meu estado de cansaço não me permitiu reler na íntegra, de "rajada". Mas fi-lo em 2 pedacinhos de serão e hoje, depois de almoço (um belo caldinho de bacalhau, a ver se esta gripe vai embora) e acompanhado com o belo do pacote de pipocas (um dos mais recentes vícios pseudo-gastronómicos).
 
P. S.: Já vi na Biblioteca versões mais recentes do Cavaleiro mas... não é a mesma coisa :)

sábado, 17 de janeiro de 2015

Coisas recentes





 

Na espuma dos dias, é deixar passar tudo o que nos faz menos bem e absorver as boas energias, aquilo que nos faz bem.

E, por esta altura, é isto:

- Entusiasmo, por dois espectáculos, de volta ao Teatrão, espaço de que tanto gosto :) A peça de teatro é a primeira, já na próxima semana. A música é uma iniciação naquele espaço, de modo que estou redobradamente curiosa! Só pode ser bom!!!
- Curiosidade, por dois livros que trouxe debaixo do braço, num almoço relâmpago na cidade, na sexta-feira. Fui assim, sozinha, meio a correr, chovia a cântaros. Entrei só em duas lojas. Espero começar a ler decentemente já hoje as "Mulheres Viajantes".
- Ternura, por esta gatita caseira que pertence aos donos de um minimercado que há por aqui e onde tenho ido cada vez mais frequentemente, deixando as idas às grandes superfícies para só quando é mesmo necessário. E estes miminhos felinos só se têm nos sítios mais pequenos. Onde as coisas, por norma, são feitas com mais amor. Aqui não há só um "bom dia", um "boa tarde" ou um "pode marcar pf". Há muito, muito mais :)

P. S.: O meu gatito, que julgo ter sido eu a atropelar "ao de leve", terá feito "só" uma deslocação da bacia. Em princípio volta hoje a casa, já com os cuidados médicos que merece administrados. Não ganhou para o susto. Ele e eu.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O mais importante

 
Lêem-se e ouvem-se muitas coisas sobre o que é que é mais importante na vida.
 
Para mim é isto: É nunca perder a noção de que tem momentos difíceis. Mas depois tem os outros, aqueles que, para outros, podem ser sensaborões ou desprovidos de calor, mas para nós são quentes e abraçam o nosso coração. Mesmo que sejam vividos a sós e aconteçam antes das 8AM :)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Galpão Nativo Vitor Ramil





Cada dia mais fã de coisas simples, quentes, pouco ruidosas, calmas, limpas, descomplicadas.


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

In A Different Time



Foi um final de noite difícil. Medo e solidão são duas das piores companhias com que se pode tentar adormecer. E é tudo, por agora.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Viena, (apenas) uma ideia (por enquanto)


Já pensei diversas vezes que este ano, quando completar os 33, a 22 de Março portanto, gostava de estar num sítio diferente. Já tive diversas ideias (voltar a Inglaterra, escolher uma escapadinha tuga, etc). Qualquer das alternativas pode ocupar uma semana, não mais, abrangendo este dia que é o meu. Hoje, esta ideia aflorou novamente e, julgo que por mero acaso, surgiu Viena no pensamento. "Por mero" acaso, mas tendo em conta que a Europa tem os meus destinos de eleição (sem nunca esquecer Moçambique e os States, que se mantêm na minha wishlist). Vamos ver o que os próximos dias reservam. Resta continuar a pesquisar. Daqui a um mesito, nem tanto, será tempo de decidir. Bilhetes/ Reserva e on the go. Por agora o Talvez, daqui a mais algumas semanas o Sim ou o Não. Até lá, "acarditemos" :)

E entrett, ficam alguns conselhos do Lama, Dalai lol Já tinha lido o 17 algures e gosto bastante de pensar que é um dos que inspiram esta ideia :)

E ainda um vídeo bem giro.

domingo, 11 de janeiro de 2015

children's reactions





Muito bom :)



Mas na minha opinião, em vez da repetida "justificação" "os homens não batem nas mulheres", a "because it's bad" é a melhor de todas. Parece-me muito mais profunda, só isso.

Kaki Gaia 2014















Ainda não tinha tido ocasião de deixar aqui algumas imagens do torneio em que estivemos, entre 26 e 30 de Dezembro. 4 dias com muiiito frio, a dormir num saco cama dentro de uma sala de aula, e sem um banho decente lol, mas com um saldo bastante positivo. Foi uma "barrigada" de andebol! E ainda deu para rever a minha "afilhada" esequiana, que mora mesmo em frente à escola onde pernoitámos. Para o ano, gostava de voltar e levar um escalão completo de Minis, se possível :)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

These boots are made for...?



De tudo, o que eu tenho mesmo, mas mesmo pena é de não ter conseguido cativar (essa é a palavra) - CA-TI-VAR - ninguém que calce o outro par da bota. Que navegue 90% das vezes na mesma onda que eu. Que tenha um colo quente para o qual me chame, quer tenha tido um dia impecável, quer acabe a jornada a sentir-me um lixo. A quem apetece adormecer a comer pipocas, sem se preocupar em lavar os dentes. "É só hoje". Que acompanhe o agradável silêncio de Domingo de manhã, o bebericar de um café feito em casa, os malabarismos do gato XS, do gato M e da gata L. Que assista à confeção de uma nutritiva sopa de legumes ou que ajude a fazer um bolo de laranja. Que ocupe a segunda pia do lava-loiças e enxague os tachos para o escorredor. Que confira: "É um sinal que tenho aí no fundo das minhas costas?" ou "Tenho algum resto de pastel de nata nos dentes?!". Que diga: "És uma miúda muito boa onda e eu gosto muito de ti". Alguém que chore a mesma lágrima que eu, que ria da mesma piada. Em quem eu pense quando me cruzar com a pessoa mais mal educada ao longo do dia e alguém que pense em mim quando precisar de desabafar sobre o bruto do patrão que o mandou bugiar.

Chega a doer, por vezes. Imaginar estas coisas todas, que se querem muito, que se desejam e com as quais se sonha, dia sim, dia sim. Mas que só existem mesmo nesse mundo imaginário que é o dos nossos sonhos, dos nossos desejos, dos nossos pensamentos. É verdade. É uma dor psicológica. Às vezes, a maior parte delas, suporta-se relativamente bem. Há trabalho e vão havendo distrações capazes de diluir, alguns instantes aqui, outros instantes acolá. Mas outras vezes é uma tarefa hercúlea, perante a qual se sucumbe.

Chega uma altura que farta inventar caminhos mais longos para chegar a casa. "Em vez de virar à direita, viro à esquerda, vou à rotunda e entro ali."

Chega de ver pessoas estranhas na minha lareira. De querer conversar quando mais ninguém quer. De preferir desligar a televisão ou ouvir a telefonia enquanto se almoça. Chega, caraças.

Não me apetece gastar mais dinheiro em roupa que não preciso, nem em sapatos que tenho de sobra, nem em objectos utilitários e/ ou para ornamentar uma casa que é também só nos meus sonhos que existe. Só porque tais actos fúteis representam estar menos tempo em casa e, por breves instantes, acreditar que vivo feliz. É deprimente o meu quarto atulhado.

Como uma faca de dois gumes: é um recanto onde não quero que ninguém entre e de onde desespero por sair.

Frases feitas e pseudo-construtivas como "Quando menos esperares..." ou "Não é porque não tem que ser..." 'Tá bem 'tá, lixo com elas. São horríveis de ouvir. Não preciso que tenham pena. Que imaginem uma trintonazinha a caminhar para tia, que, a dada altura, "vai ter" de se entregar a alguém só porque sim.

Não quero um conto de fadas, não procuro nenhum príncipe. Queria só um pedacinho de amor.


...


Já tinha dado este post por terminado, mas não posso deixar de lhe fazer um acrescento. É que estava a espreitar o FB e dou de caras com esta imagem. Não pude deixar também de notar a palavra que está rodeada... E também não posso deixar de referir que, não tendo aos presentes 32 anos lido na íntegra a obra da qual foi retirado este excerto, fui anteontem buscá-la emprestada à Biblioteca e estou a lê-la. Há coincidências e coincidências...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

12x andebol na imprensa regional














Mensalmente, escrevo uma notícia andebolística para um jornal aqui do sítio do picapau amarelo! Há uns dias, lembrei-me de pedir os pdf jeitosos das mesmas, para fazer uma espécie de apanhado. Enquanto tento aprontar uma montagem com os 12 artigos de 2014, coloco-os aqui. São bonitos de ver :) Num "Horizonte" perto de si!

Até que ficou giro:

domingo, 4 de janeiro de 2015

Doces dias








 
Momentos de 2/3 de um fim-de-semana inacreditavelmente livre, sem (quase) nada para fazer. A partir do meio da tarde de sábado, foi só estar aqui por casa. Pensar em coisas boas, rir com as brincadeiras dos gatos e com a fidelidade do cão. Cozinhar. Arrumar "cacarecos" aqui e acolá. Sorver café, fazendo propositadamente aquele sonzinho maneiro! Retomar "velhos" trabalhos de bricolage. Experimentar outros novos. Sentir o quente do Sol. Estender roupa. Apanhar alecrim para temperar a comida. É raro ter dias assim descomprometidos e, por isso, dou-lhes cada vez mais valor! Venham mais 5. Ou 10. :)

Já agora, deixo aqui o link de um filme que "apanhei" há instantes online, para não o perder de vista.