quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Avó


Confesso que não me lembrei por mim, mas a minha mãe há pouco recordou-me que faz hoje anos que a minha avó morreu. Digo a minha avó, porque só conheci uma. Infelizmente, do lado paterno não tive oportunidade de conhecer a dona Augusta, nem o senhor João, nem uma bisavó que eu AMAVA ter conhecido, mas que eu amo mesmo assim, só de ouvir falar daquela que acho tenha sido uma GRANDE MULHER, a dona Maria José. No dia 4 de Fevereiro de 2002 tinha eu acabado de sair de uma frequência na ESEC, quando vi bastantes chamadas da minha mãe no telemóvel. No turbilhão de palavras, lá recebi a notícia. Fiz uma viagem até Ansião, a conduzir, sozinha, no mínimo, estranha... Lembro-me também de ter ido com a minha mãe ao encontro do carro funerário que vinha de Coimbra e de o vislumbrar ao longe. Não me lembro de ter visto a minha avó no caixão, mas lembro-me de ter estado ao pé dela a chorar para dentro, ao mesmo tempo que me passando na cabeça todos os momentos felizes que vivi com ela. Lembro-me das vezes que vou vizitá-la ao cemitério e que ainda choro e lhe peço para me orientar lá do céu. Lembro-me da última vez que a vi com vida, e lhe fiz uma festinha na testa, estava ela deitada numa cama de hospital. Tinha a pele tão quentinha e tão fofinha! As suas rugas eram enternecedoras, sempre significaram para mim um ninho. O ninho que eu tive e que eu perdi, quando ela se foi. É complicado quando pessoas de quem muito gostamos e com quem vivemos muito intimamente vão para lares. Apesar de as continuarmos a visitar, parece que nos afastamos um pouco delas... sem o querermos. Dos anos que ela esteve em lares, poucas recordações tenho.
Mas aquilo que mais recordo é a marca enorme que a minha avó "Marquitas" deixou em mim. Eu adoro de chá, por causa dela - Lá em casa ela tinha o termito que religiosa e periodicamente enchia com chazinho quentinho;
Adoro café Mokambo por causa dela! Era quaseo único que ela consumia;
De quando em vez rezo, não por causa, mas por influência dela - Lembro-me quando ela me ensinou a rezar a Salvé Rainha;
Estas são 3 coisas que me vieram à cabeça das 1001 que estão cravadas em mim, e felizmente! Como eu ainda sinto o cheiro da casa dela no Verão. Adorava ensacar as minhas tralhas e ir passar as férias para o pé dela (a casa da minha avó é a 40 seg a pé da minha lol mas que viajava orgulhosamente pelo carreirito do quintal!). O único objecto físico que guardo dela é o relógio de corda azul, pequenino, com a imagem da Nossa Senhora de Fátima. Está na minha arquita, para quando eu tiver a minha casa, também a povoar com o seu "tique-taq, tique-taq".
Bem, resumindo, tenho saudades da minha avó, dos conselhos que me dava, de tudo aquilo que ensinou (o meu primeiro cozinhado foi uma cópia do seu caldinho de bacalhau, com arroz e batatas cortadas aos bocadinhos!). Tenho pena dela ter andado em lares e de que, aos poucos me ir afastando fisicamente dela. Mas o espirito da dona Maria da Encarnação Freire Nogueira está cá. E julgo que tenho muito dela. Morrerei a recordá-la e verterei, pelo menos, uma lágrima, todas as vezes que dela me recordar.
Amo-te avó.
P.S.: A imagem que pus acima não é a minha avó, é apenas uma imagem que visualmente me diz bastante, que encontrei avulsa na Net outro dia. É o pano de fundo perfeito desta minha pequena homenagem.

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