quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Saudável

O telefone da camarata tocou esta madrugada, um pouco depois das 5h00. Primeiro indicações de um incêndio, depois de acidente. Acabou por não ser nada de "por aí além", tendo em conta os ingredientes: um camião cisterna de combustível (por acaso vazio), duas curvas perigosas, nevoeiro, enfim... O camião ficou meio torcido e na faixa de rodagem contrária. Fuga no depósito de combusível do próprio veículo. Mas o que me fez pensar um pouco mais foi no senhor, que deve ter p'raí uns 60 e tal anos. Digo deve porque, não sendo médica, julgo que não deverá ter mazelas por aí além, do que vi. Mas fixei os olhos calmos e ligeiramente assustados dele. Ali deitado na maca. As mãos cruzadas sobre o peito. A cabeça com um pouco de sangue porque tentou sair pela porta oposta, com medo de uma possível explosão ou incêndio. Medo. Uma palavra que impõe respeito, não é. Medo do que poderia ter acontecido, medo da morte, medo porque acabou bem algo cujos dados estavam todos na direcção para correr mal. Mas há que inverter a coisa e pensar (como aquele senhor deve ter pensado nos momentos todos que esteve sozinho, ainda sem ajuda, e depois quando já tinha apoio) no melhor. Que acabou tudo bem. Que lutamos dia-a-dia por nós  e pelos nossos e que por causa de uma gaita qualquer pode ir tudo por água abaixo, de uma só vez... Se calhar não é muito saudável pensar (eu) tanto sobre isto, mas ficou a bater um bocado. Mais logo já passa, digo eu...

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