sexta-feira, 6 de julho de 2012

A morte voltou a sair à rua :'(

Ninguém gosta de receber más notícias. E muito menos do género destas.

Esta manhã, pouco passava das 9h00 recebi um telefonema da minha mãe a perguntar "Sabes quem é que morreu?". E eu com o coração aos pulos, com a pergunta idiota: "Não me digas nada, que eu não quero saber.... Não foi ninguém da nossa casa?".

Felizmente não foi ninguém de casa. Infelizmente foi alguém da família. Do que sei e do que me recordo foi o primeiro (e último, espero) a ter a vida colhida por um acidente de viação, do qual não sei os contornos. E também não sei se quererei saber.

Era o meu primo Zé, dos Netos. Saiu novo daqui, emigrou para procurar uma vida melhor. Que encontrou. Nem sei a idade que tinha ao certo. Apesar de esguio e magrinho, deveria ter perto de 50 talvez. Era novo portanto. Ainda tinha muito para viver, para dar e para receber.

As poucas vezes que nos cruzávamos era sempre engraçado. Ria-se sempre :) Olhava sempre para mim, de alto a baixo, quase como se fosse um irmão mais velho que me via mais crescida de tempos a tempos.

Vi-o, pela última vez há poucas semanas. Veio almoçar com o meu pai, como fazia frequentemente. Tio e sobrinho eram muito amigos e cúmplices. Imagino que contassem um ao outro, coisas que não contariam a mais ninguém. É um dos motivos pelos quais lamento profundamente a partida dele.

É estranho vir fazer aqui desabafos sobre pessoas que vamos perdendo/vendo partir. A camisa preta que vestiu há uns anos, quando o pai dele (o meu tio "Manel") partiu, veste-na hoje os irmãos que se unem numa cumplicidade mórbida, pelo contexto, mas comovente ao mesmo tempo.

Daqui a pouco, dois deles irão "ao seu encontro", na Suíça, e tomar partido na decisão de ele ficar lá ou cá. De fora, eu penso que era uma pena não ficar cá - em Portugal - para a eternidade. Foi cá que nasceu e acho que deveria ser cá que descansaria em paz, junto do pai. Mas se era essa a vontade dele, pois que fique onde, em vida, acharia melhor. Se é que alguma vez pensou que partiria cedo demais.

E pronto, uma sexta-feira zonza. Uma grande tristeza. Obrigada primo Zé pelos teus sorrisos contagiantes e pela tua inspiradora simplicidade (que era do tamanho do mundo). A vida e a diferença de idades não nos fez conviver assim tantas vezes, mas guardar-te-ei para sempre no meu coração.

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