Num mundo cada vez mais dominado pela imagem (para o bem e para o mal...), há algumas que são tão elucidativas. Dos nossos medos, das nossas alegrias, da nossa realidade, daquilo a que aspiramos, etc. Ou disto tudo junto, até.
Há escassos dias, encontrei esta. E é TÃO gigante...
As notas musicais soam a nostalgia, mas a mensagem é de esperança.
Esperança por dias calmos, por um futuro com paz e junto daqueles que me fazem sentir bem.
Sempre com trabalho e com períodos de escape. Sempre com andebol por perto, gatos, chá, café mokambo e lãs. Que as manhãs tragam sempre a vontade de viver cada dia o melhor que seja capaz. Uma presença com elegância, adjectivo de que tanto gosto quando referente à existência humana. Que a vivacidade e a curiosidade que me lembro de possuir desde menina jamais se me descolem. E a flexibilidade também: aquela de, também desde muito cedo me lembro, num instante, estar ocupada com a mais delicada e feminina actividade e, noutro, arregaçar as mangas numa hercúlea tarefa masculina.
Fica também aqui registada uma daquelas frases que não precisei de escrever quando ouvi, há já uns quantos pares de anos: "Quando pensarem que estou sozinha, lembrem-se de que estou comigo".
Desejos? Somente um, honestamente. A prenda mais preciosa: saúde. Tudo o resto, nos melhores e nos menos bons dias, "a gente" faz força para levar o barco.
P. S.: Pronto, um desejo material: que consiga a tão desejada "alegre casinha", fruto do trabalho das minhas mãos e onde possa plantar raízes fortes de paz, aquela que tenho perdida, há anos de mais.
Consigo ver uma beleza quase infinita nesta fotografia, contextualizada aqui. É triste, mas é simultaneamente refrescante... Às vezes, gostava de voltar às aulas de comunicação com a imagem, para analisar determinadas coisas que são tão diferentes do que eram entre 2001-2005.
A envolvência desta música descreve bem o que pretendo para a minha vida, numa altura em que se aproxima um normal balanço, à beirinha dos 35. E foi imbuída por esse espírito que hoje concretizei uma decisão que, na verdade, já tinha tomada há mais de um ano: pedir inactividade nos BV (poderei voltar a qualquer momento e, daqui a um ano, o sistema recoloca-me automaticamente).
Por mais que precisemos de determinadas opções, é sempre difícil dar o tal passo. Ainda mais quando envolve mudanças radicais. Mudanças de quotidianos já muito longos, de um dia para o outro. Hoje acontece x, amanhã já não acontece. Apesar da importância desta minha decisão, é inevitável que hoje, em particular, e nos próximos dias ainda, sinta nostalgia, alguma tristeza também, envolvidas, por outro lado, em alegria, liberdade e orgulho. Também me senti assim em Dezembro de 2008, quando me despedi de um trabalho em que tinha acabado de ficar efectiva, mas no qual não me sentia em plenitude.
Alguém próximo, ao comentar este assunto, falava no adjectivo "tóxico". E é verdade. É assim que me tenho sentido, de forma crescente, de há cerca de um ano para cá. De facto, nós não temos de estar em ambientes nos quais não estamos confortáveis, seja no trabalho, seja na família, ou em qualquer outro caso. E enquanto formos "donos e senhores" das nossas vidas, 'bora mudar para melhor, para o bem, para aquilo que julgamos ser melhor para nós.
Para mim, isto é o melhor, sem sombra de dúvida. Decisão pensada, consciente e importante. Só posso orgulhar-me. Ainda me faltam cumprir 3 serviços de escala, que farei com o aprumo de sempre. Foi esse aprumo e humildade que dei ao longo destes 12 anos, pela minha terra,
Podem vir também as rosas. Os cigarros dispenso. Troco por cidras!
"Creio que uma das atitudes fundamentais do homem humano deve ser a de reconhecer em si, numa falta de compreensão ou numa falta de acção, a origem das deficiências que nota no ambiente em que vive; só começamos, na verdade, a melhorar quando deixamos de nos queixar dos outros para nos queixarmos de nós, quando nos resolvemos a fornecer nós mesmos ao mundo o que nos parece faltar-lhe; numa palavra, quando passamos de uma atitude de pessimista censura a uma atitude de criação optimista, optimista não quanto ao estado presente, mas quanto aos resultados futuros. O mesmo terá já dado um grande passo para impedir os ataques, quando aceitar que só puderam existir porque a sua acção não foi o que deveria ter sido; quando se lembrar ainda de que toda a sua coragem se não deve empregar a combater, mas a construir"
Gosto TANTO de textos bem escritos. Com cabeça, tronco e membros. E conteúdo. Daqueles que se espremem e tem vitamina! Daqueles que nos arrancam sorrisos enquanto deslizam sob os nossos olhos, famintos de normalidade, tão anormalmente escassa pelos dias/ écrans que correm. Sem calinadas, sem erros de ortografia, sem sentidos parolos. Textos bons, ponto. Excerto abaixo e na íntegra aqui.
"(...) O eixo central da narrativa consiste na exposição de uma
única mulher matricial clonada por três identidades que correspondem a três
idades, e a três modos, do ser mulher. E que mulher é essa? Em registo
desvairadamente redutor, aquela que na adolescência se adapta ao desejo
masculino, mesmo que não goste de metade das experiências sexuais. Que ao
entrar na idade adulta se torna conhecedora do seu corpo e dos direitos
políticos que tal anatomia e fisiologia lhe concedem. E que na maturidade
atinge a liberdade possível, individualista, simbolizada no cliché do voo de
rosto descoberto na imensidão das alturas. (...)"
"Notícias da minha vida — para quê? O que tu possas imaginar dela talvez tenha mais encanto. Notícias minhas? Caberiam em três palavras: — Tento, apenas, esquecer-te!"