quarta-feira, 7 de novembro de 2012

em dias tristes de chuva...



Pus mesmo agora os phones nos ouvidos, enquanto trabalho. E só tenciono tirá-los já por volta das 17h00. Ainda tenho até às 16h00 relativamente "à vontade", mas depois é proibido mesmo tirá-los e ouvir sons do exterior. Tudo para não ouvir os sinos da igreja que vão tocar aquela "música" sofredora, por mais uma alma que se foi deste mundo.

Foi um senhora aqui da terra, uma daquelas pessoas que faz parte da paisagem daqui. Que nos habituámos (como foi o meu caso) a ver dia após dia, semana após semana, ano após ano. Sempre em dois ou três locais específicos nesses mesmos dias, nessas mesmas semanas e nesses mesmos anos.

A infelicidade caiu ontem ao final do dia. Uns contam que foi isto, outros contam que foi aquilo. O certo é que partiu e ainda tinha vida para viver. Tenho pena de não funeral. Mas é uma escolha, pois este ritual profundamente assustador é-me doloroso demais, a cada ano que vai passando e a cada pessoa que vai partindo. Mas tenho pena de não ir porque seria uma última "prova" de respeito, pelo respeito que também sempre demonstrava por mim quando nos cruzávamos. Um bom dia ou boa tarde, sempre acompanhados de um olhar e de um sorriso de parte a parte. Ou o bom dia e boa tarde as poucas vezes que eu o "atendi" lá em casa, por causa do seguro que tinha connosco.

O dia começou frio e acaba chuvoso. E triste. Já vi de longe o filho (que conheço desde miúda. É pouco mais velho do que eu). Já vi a filha (uns anos mais nova do que eu). Dou graças a Deus por ter os meus pais comigo, apesar de estar numa fase complicada em termos comunicacionais. E peço com todas as forças não por não passar, porque à excepção se eu não partir primeiro, algum dia terei de passar. Deve ser uma dor horrífica aquela por que estão a passar.

E agora, música meus senhores. Mas uma música que equivale a um silêncio. Porque é muito bom viver. Porque é imensamente triste ver estas partidas. Tenhamos força e coragem para prosseguir viagem, até que um dia partamos nós :(

Sem comentários: