segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O silêncio



Eu já não vou à bola. Já não posso com a bola. E já vi muita bola. Agora, já é difícil parar mais do que, 10 min frente a um jogo de futebol. Sei os nomes mais sonantes que vão dando nas notícias e pouco mais. Sei, muito por alto, a classificação dos 3 grandes. Mas muito por alto mesmo. Ficou a gíria, no meu dia-a-dia e em alguns contextos de trabalho. Mas isso não há problema nenhum! E depois ficaram os cadernos, plastificados com os jogadores mais famosos. O Rui Costa, o João Pinto, o Figo. O poster da Selecção, com o bigode do Veloso e afins. Noutro poster, o Paulo Sousa quando andava pelas Alemanhas. Vibro com as histórias sofridas de alguns jogadores que, graças ao seu esforço e dedicação se fizeram atletas fenomenais. Agora, é como disse o Eusébio, o futebol é comercial. E é isso que me faz espécie e me fez ir desgostando, aos bocadinhos.

E depois há as homenagens. E, de facto, os estádios são verdadeiros templos que exacerbam aos píncaros o sentimento, seja de raiva (para quem a tem), de alegria, de compaixão, de pena e de saudade. Como aconteceu hoje. Confesso que me faz uma espécie imensa quando o objectivo é ouvir-se o silêncio e as pessoas desatam a bater palmas. Acho uma estupidez, pronto. Tudo bem que as palmas são uma cena solene em certas ocasiões, vá. Mas o silêncio, ahhh o silêncio tem um poder TÃO imenso. E foi esse mesmo silêncio que se ouviu hoje, neste vídeo e julgo que possivelmente em mais alguns. A Dulce Pontes, trauteia lá pelo meio, mas ela pode porque o trauteanço foi a pensar (também) no Eusébio. Quem não se comover, um bocadinho que seja, com estes breves minutos, de que mais precisa para se comover?

Apesar deste post ser um misto de confirmação do afastamento futebolístico e de um amor imenso pelo desporto, que fique registado que ainda gosto de ouvir os meus pedacinhos de relato na RR de sempre, a mesma que me apresentava a "edição alargada da tarde/ noite [da Bola Branca], tantas vezes acompanhou o estudo, o descanso, as arrumações. E sim, hoje e daqui a 10 e a 20 anos talvez, irei continuar a verter uma lagrimita ao rever documentários, jogadas, fotografias associadas ao Eusébio. Porque, de facto, já não se fazem homens/atletas assim, pois não? Acho que mais do que pena pelo facto de ter partido, sim como já ouvi hoje, concordo que 71 anos é muito cedo para se partir, tenho medo de que já não se façam heróis assim.

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