quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sobre as forças (ou a falta delas)



Hoje pensei na minha vida, como em tantos outros dias. Todos os dias.

Na hora de almoço, tive de ir procurar uns papéis guardados, por causa de umas burocracias financeiras. E pensei, quando tirei um dos dossiers de trás dos cortinados do meu quarto.

Pensei que me apeteceu ir buscar o dossier num armário organizado no escritório informal que eu quero ter.
Pensei que gostava de ter iniciado a digestão a ler um livro que retirei da prateleira colorida que quero ter e colocar os tais nervosos livros que se empilham actualmente no meu quarto.
Pensei que gostava de beber um calmo café, de pantufas, numa das várias chávenas ou canecas que vou comprando e guardando e que espreitam debaixo da minha cama.
Pensei que queria e quero tanto tocar com a varinha mágica em imagens reais, como a que consta acima, em tardes intensas e divertidas de bricolagem. Dando cor, dando vida, dando paz, às quatro paredes que nunca mais chegam.
E pensei que me é difícil entender e até aceitar esta força misteriosa que me faz aventurar, sozinha, para destinos desconhecidos. A mesma força que, porém, me surpreende pelas costas e que não me deixa agarrar um sonho que é tão meu e que é tão grande.

A casa está mesmo ali, os sonhos, a vontade de trabalhar e de criar estão mesmo aqui, na minha cabeça e no meu coração. Falta fazer-me uma coisa, aparentemente, simples que é só esta: falar.

Todos os dias penso: é hoje que vou conseguir. Daqui a pouco talvez abra a pasta onde esta imagem está guardada e onde estão muitas mais: da casa que existe e de cantinhos mimosos que espero fazer com que existam, como este:

 
E deve ser mais ou menos por esta altura que digo e redigo uma das minhas frases mestras: Que o universo conspire a meu favor. Que fecho os olhos com força, que ponho a mão no meu coração, que entro em casa ao final da tarde ou ao cair da noite e que digo, firme e convicta: Pai, preciso falar contigo...


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