domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Ontem à noite, num momento com que não contávamos, como o são quase todos os relacionados com a saúde, tive de acompanhar o meu pai ao hospital, que na sequência de uma queda acabou por partir uma costela. Desta vez participei no filme, mas do outro lado da barricada: fui atrás da ambulância até ao hospital, fiz a inscrição à entrada, aguardei cerca de 4h30 (pelo meio das quais julgo ter experimentado 1001 posições anatómicas: sentada de pernas cruzadas, sentada de pernas abertas, salvo seja, sentada com as mãos a apoiar a cabeçorra, sentada na sala de espera com as pernas esticadas e apoiadas no banco da frente, a andar no corredor, a andar na rua, apanhando um briol do caraças que fez com que hoje a minha cara amígdala esquerda pululasse na garganta e os rastos de fanhosisse sejam por demais evidentes, apoiada na máquina do café à espera do bip de saída do pseudo-galão, de pé, enfim, formas para todos os gostos...). Cerca das 1h10 consegui entrar e ver como estava (depois de diversos exames e uma injecção no rabiosque). Cerca de 20 min mais tarde, conseguimos sair, ainda passámos na farmácia, regressámos a casa em modo lento. Ainda comeu uma maçã e lá tomou os primeiros comprimidos, mais o spray que lhe pus na pele. Eu, ainda belisquei um iorgurte e, apesar do cansaço, ainda consegui ler a bela entrevista do Ricardo Araújo Pereira na "Notícias Sábado" (RAP, estás aqui!). E tungas, eram quase 3h00 quando desliguei a luz. Abri os olhos para a vida por volta das 8h00 para desligar o despertador e ignorar o pseudo-compromisso laboral que tinha. Que se f&%/$($. Ah, ontem à noite, e visto que estava a minutos de sair de casa para ir fazer um trabalho, ainda tive direito a um insensível "E só agora é que me avisas?", por parte do patronato intermédio. Enfim, sem comentários. Bem, serve este texto para introduzir duas coisas:
1-Foi a primeira situação hospitalar assim mais familiarmente chegada que me aconteceu. Apesar de não ser uma situação por aí além, não é fácil ver os progenitores numa maca, cheios de dores, ajudar a colocar na ambulância, em suma, numa situação de visível fragilidade (Já tinha visto este tipo de fragilidade, mas mais escondida. Assim é diferente...). Preocupa-me passar por isto no futuro (Não por mim, mas por eles).
2- Julgo estar a ser 100% sincera quando digo que há muito poucas coisas que me metem realmente medo. O medo não da minha morte, das de vir a sofrer durante a mesma, é um deles. O outro, e apesar de continuar a gostar do meu estado eremita, é imaginar-me daqui a digamos 30 anos, por exemplo, e não ter ninguém que esteja na sala de espera do hospital a aguardar por notícias minhas e à espera para me levar de volta a casa. E que a minha única alternativa seja ligar para um táxi e pedir: "É para casa, se faz favor". E que a mesma esteja escura, fria e... muda.


P.S.: Depois de me levantar esta manhã, e de ter lavado a cara, pesei-me: No mostrador: 55,8 Kg Hummmm

1 comentário:

C disse...

Vai sempre haver alguém à tua espera.
Isto se eu não me for primeiro :)