quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sino

Do lugar onde agora estou sentada a maior parte do meu tempo, oiço o sino da "minha" igreja.
Marca sonoramente o passar do tempo de 15 em 15 minutos. Toca uma vez aos 15', duas aos 30', três aos 45' e quatro à hora certa, seguido do número de horas de que se trata, e num tom mais grave nesta espécie de segunda etapa. Dependendo do grau de concentração com que estou, lá o vou ouvindo de tempos a tempos. Depois toca também nas horas de alegria e de tristeza. Estas últimas não me têm escapado (como está a acontecer neste preciso instante). É o som negro da morte. Sempre que se sabe que alguém não mais respira, ouvem-se badaladas que parecem não ter fim. E novamente quando acontece a cerimónia fúnebre. Este som atormenta-me e continua a ribombar pelas ruas enquanto escrevo estas palavras. Perturbador. Haja coragem para ouvir mais o sino da alegria, nem que seja num cantinho da memória.

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